Museu do Homem Americano

19 de outubro de 2017

Escolha do destino: Passagens aéreas baratas

A 6 meses atrás, o Elio conseguiu uma promoção de passagens aéreas com destino a Petrolina no Pernambuco e comprou. Ele sabia que Petrolina era o aeroporto comercial mais próximo a São Raimundo Nonato, no Piauí e que lá estava um dos Parques Nacionais e o Museu do Homem Americano que gostaríamos de conhecer.

Então, chegamos em Petrolina na madrugada e no aeroporto pegamos nosso carro reservado pela Movida (fica aberta nos horários dos voos). O Elio tinha lido na internet que um trecho da estrada até São Raimundo Nonato estava em condições ruins, por isso reservamos um carro mais alto que os convencionais: Duster.

Chegando em São Raimundo Nonato

Saímos do aeroporto às 3 horas e paramos em um motel ali próximo (dica para quem quer dormir poucas horas e pagar pouco). De manhã pegamos a BR 235 sentido Remanso na Bahia e depois a BR 324 (considerada uma das piores do Brasil) estrada de chão até São Raimundo Nonato no Piauí. Foram 330 km em 4:30 horas de viagem. Contradizendo a fama da BR 324, achamos ela trafegável e em condições razoáveis, nada parecido com a estrada que pegamos para chegar a Serra do Navio (Amapá) para conhecer o Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque.

BR 235

BR 324

Museu do Homem Americano

Assim que chegamos na cidade fomos nos hospedar na Pousada Progresso (linda decoração na recepção que não condiz com os quartos). Limpa, café da manhã simples, apenas ducha fria e ao lado de uma pizzaria que fica com som alto até as 4:30h da madrugada aos sábados, um verdadeiro inferno na terra. Aff!

Depois, fomos acompanhados pela Aldima, aluna do Curso de Arqueologia da Federal do Vale do São Francisco, até o Museu do Homem Americano. Primeiro visitamos o Centro Cultural Sergio Motta, local onde pesquisadores recebem e classificam pedras, artefatos, fósseis da região. Visitamos o Laboratório Lítico e a funcionária nos mostrou como é a rotina da entrada das peças na fundação. Um trabalho grandioso em pequenas pedras lascadas. Uma aula de organização e de amor por aquilo que fazem.

Em seguida fomos ao Museu do Homem Americano. Pagamos R$15,00 por pessoa e entramos sozinhos, já que o museu é interativo e auto-guiado. O museu conta com painéis que relatam a história de como o homem pré-histórico chegou até as Américas, muito antes da datação das teorias Norte Americanas, que eram aceitas até bem pouco tempo atrás. Explica como era o clima, os animais que lá viviam, como os pesquisadores chegaram ao Piauí e um acervo de ferramentas lascadas, polidas e utensílios encontrados nas escavações no solo das tocas que tem na região, inclusive múmias e ossadas humanas.

 

O museu tem um grande painel digital que nos apresenta várias pinturas rupestres que visitaríamos nos dias seguintes. Se você for visitar o Parque Nacional Serra da Capivara, sugerimos que no primeiro dia você visite o museu, pois assim você entenderá melhor o que verá pessoalmente nas visitas às tocas dos sítios arqueológicos abertos ao público. O Parque conta com mais de 1.400 sítios arqueológicos, destes cerca de 300 são abertos ao público. Todos eles em condições perfeitas de acesso, com escadarias, trilhas abertas, corrimão e total segurança ao visitante e às pinturas.

Desde o ano 1.991 o Parque Nacional Serra da Capivara foi inscrito pela UNESCO como Patrimônio Mundial.

A quem devemos agradecer à criação do parque?

 

Niède Guidon. Uma pesquisadora franco-brasileira que na década de 70 ‘foi apresentada’ a esse acervo cultural de pinturas, em uma das tocas que hoje pertence ao parque. Desde o início ela ‘desconfiou’ que esse ‘achado’ era mais precioso que curioso. Aliás, sua persistência e força de vontade em chegar ao Piauí e encontrar o local que viu através de fotos, foi considerada pelos moradores locais na época como ‘ganância à procura de ouro’. Mas Niède Guidon descobriu muito mais que ouro, descobriu um tesouro mundial.

Hoje, aos 84 anos, ainda não está plenamente satisfeita com sua descoberta, pois agora ela deseja que todos os brasileiros e estrangeiros possam ter acesso a esse conhecimento ímpar e faz de tudo para facilitar isso:

  • Em 2015 inaugurou o aeroporto da cidade, mas infelizmente chegam apenas voos comerciais da capital Teresina.
  • O acesso às tocas está em perfeito estado de conservação (tanto as estradas de cascalho como as trilhas até as tocas), facilitando até o acesso de cadeirantes em algumas partes.
  • A visitação só pode ser realizada com guias credenciados, que ajudam na preservação do acervo. Socialmente isso gera uma fonte de renda a mais para a população e esse vínculo produz uma empatia com o parque, tornando-os defensores e protetores de todas as áreas.
  • Nas guaritas, apenas mulheres como agentes de recepção, gerando emprego às mulheres da comunidade local.
  • Move mundos e fundos para apagar um incêndio aos arredores do parque em plena estiagem a mais de 8 anos.

Uma verdadeira defensora e amante do parque e da comunidade ao seu redor.

Sou totalmente contra fazer homenagens e demonstrações de carinho e de amor apenas às pessoas que se foram. Devemos demonstrar nosso respeito e admiração a essas pessoas ainda em vida! Por isso, Dra. Niède Guidon, muito obrigada por seu trabalho e por sua vida inteira de dedicação a esse pedacinho do Brasil. Nós brasileiros somos gratos por sua persistência e luta nesses 40 anos. E nós, seres humanos, somos gratos por descobrir e nos contar um pouco mais sobre a nossa própria história.

Nesse vídeo, um pouco sobre a nossa visita ao Museu do Homem Americano.

 

5 comentários sobre “Museu do Homem Americano

  1. Egberto Araújo

    Uma espledorosa narrativa. Já fiz uma viagem desde Petrolina até São Raimundo Nonato, e concordo plenamente sobre o que diz do trecho, mesmo que necessite de melhoras em alguns segmentos, não nos deixa “massacrados”. Parabéns pela maneira honesta e verdadeira com que refere ao parque e por reconhecer os méritos da pesquisadora Nordeste Guidom. Vou ficar seguindo vocês, pois gosto também de andar e por aí fotografando, aproveitar as dicas de vocês e, quem sabe nós cruzarmos. Desejo que sejam sempre bem sucedidos. Um grande abraço!

    1. Admin Autor da Postagem

      Obrigada Egberto!
      Comentários como o seu é que me incentivam a escrever sempre!
      Espero nos encontrarmos por aí.
      Grande abraço
      Carla

  2. Andrei Stevan

    Boa tarde Carla/Élio,

    Gostei bastante das suas viagens!!! Cada foto de tirar o fôlego!!!

    Gostaria de uma informação: tenho uma suv 4×2. Devo sair de SP. Voces acham que terei algum problema para visitar o parque da Serra da capivara?? Ou é melhor ir de avião e pegar um 4×4 em Petrolina??
    Fico no aguardo e continuem nos mostrando as belas viagens que fazem!!!!

    1. Admin Autor da Postagem

      Oi Andrei!
      Obrigada por nos acompanhar! 😉
      Sim, dá para ir perfeitamente com seu carro 4×2. Fácil, fácil!
      Nós fizemos TUDO com um carro sem tração também.
      Até que a estrada está boa!
      Volte sempre!
      Grande beijo!
      Carla

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