Chegando em Puerto Williams

11 de janeiro de 2019

Chegamos no único voo diário que sai de Punta Arenas e chega as 10:30h da manhã em Puerto Williams. Estamos no extremo sul do Chile, a cidade mais Austral do mundo, o verdadeiro ‘Fim do Mundo’. Sim meus amigos, você, como eu, fomos enganados todo esse tempo, acreditando que Ushuaia na Argentina era o ‘Fim do Mundo’. Em Ushuaia dizem que Puerto Williams não é uma cidade, é apenas uma vila militar. MENTIRA! Puerto Williams é uma cidade, com prefeitura, escolas, comércio, museu, restaurantes, praças, parques, aeroporto e porto.

O voo é feito pela companhia aérea DAP e voamos em uma avião grande de asa alta (que dá mais estabilidade nos voos em locais com muito vento). É a mesma aeronave que faz os voos tripulados à Antártica. Aliás, esse lindo continente fica apenas a 800 km de Puerto Williams. Pertinho!

Até bem pouco tempo atrás, esse voo era realizado por aeronaves pequenas, bimotores a hélice, mas com o crescente aumento do turismo e desenvolvimento da cidade, a empresa sentiu a necessidade de colocar uma aeronave maior, com capacidade de mais passageiros por voo.

A cidade está em uma evolução muito bonita. São estradas sendo reformadas, empresas de fibra ótica instalando seus sistemas, o porto sendo modernizado para atender mais de um navio por semana. Sim, no porto o navio vem apenas aos sábados, por isso esse dia da semana é o mais movimentado na cidade. Há outro porto ao norte da ilha, que recebe os turistas que vem de Ushuaia. Essa travessia é diária por barcos e lanchas, mas dependem das condições climáticas para realizarem esse percurso.

A Ilha Navarino é grande. Tem cerca de 2.500 km2 e sua área mais populosa é a pequena cidade de Puerto Williams. Há vários locais para pernoitar, mas como a cidade estava cheia, decidimos ficar no camping El Padrino da Dona Cecília. Ótimo! Banheiros com água quente, cozinha compartilhada e muito gringo, rsrs.

Nos mercados da cidade compramos o que nos faltava de mantimentos para levar nessa travessia. Faríamos em 6 dias, diferente da maioria das pessoas que a fazem em 5 dias. Nosso roteiro incluía um dia na Laguna Windhond, para subirmos o Cerro Bettinelli. Trouxemos algumas coisas do Brasil, como farinha láctea, mucilon, aveia, ovomaltine, pois acreditamos que não haveriam esses produtos nos mercados, e realmente não encontramos.

Início da trilha Dientes de Navarino

12 de janeiro de 2019

No dia seguinte, logo cedinho, a Cecília (dona do camping) nos levou de furgão até a entrada da trilha, que fica na Cascada, um tipo de um parque que tem uma represa que armazena a água que vai para a cidade. Estávamos em 6 pessoas: o querido Erasmo (nosso amigo e guia – veterano nessa trilha e de outros trilhas pela ilha), o amigo e guia Felipe Lombardi (do Drone Aventura e da Agência Backpacking Brasil, agência que contratamos os serviços) e mais duas ‘clientes/amigas’.

Cerro Bandera

A trilha completa de hoje teria cerca de 7 km. O primeiro trecho de trilha é até o Cerro Bandera, uma trilha frequentada por muitas pessoas que visitam Puerto Williams, já que lá de cima temos uma visão incrível da cidade, do Canal Beagle e da Terra do Fogo na Argentina localizada na outra margem do canal. Fizemos esse trecho de 2 km em 2 horas
cravadas . Eu estava com uns 17 Kg na mochila e o Elio com uns 20 Kg.

A trilha é fácil, no meio de um lindo bosque, sempre subida, mas uma subida suave e eu sempre ando devagar nas subidas e dessa vez não foi diferente. Chegamos com muita neve no Cerro Bandera e não pudemos avistar nadinha…

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Valle Róballo: Lagunas Róbalo e Palachinque

Saindo do Cerro Bandera seguimos em nível pelas pedras até um pequeno vale. Nesse trecho ao nosso lado estava o lindo Cerro Róbalo e seu vale. As lagunas Róbalo e Palachinque nos acompanharam por mais de 3 horas. Depois do pequeno vale que descemos e subimos, começamos a avistar a Laguna del Salto, nosso local do primeiro acampamento. Estávamos sozinhos na trilha e ao longe víamos duas pessoas nos acompanhando.

Tudo tranquilo até aqui, mas confesso que a subida desse pequeno vale foi bem dura para mim. A subida é feita sobre pedras pequenas e médias soltas e como estava nevando muito, com ventos fortes, fiquei com medo de cair. Precisei de várias mãozinhas do guia para me sentir mais confiante e continuar subindo. Na minha opinião esse foi o trecho mais difícil de toda travessia, me lembrou muito a subida íngreme do Aucanquilcha, que por coincidência também estava nevando.

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Laguna del Salto

Depois de quase 5 horas caminhando avistamos a Laguna del Salto, nosso local de acampamento. Como estávamos algumas cotas mais alto que seu nível, tivemos que descer bastante até chegar às suas margens. Essa descida foi feita cuidadosamente por uma encosta com pequenas pedras soltas. Como tudo estava molhado, a atenção foi redobrada. Hoje andamos 6 horas e apesar das horas sob nevasca, avistamos imagens lindas pelo caminho.

Conseguimos um local plano mas molhado para acampar e montamos nossa barraca que o guia alugou para nós em uma loja de equipamentos em Puerto Williams da marca Ferrino. Muito boa essa barraca. Fácil de montar e bem resistente ao vento e a chuva. Tanto é que vamos procurar para comprar aqui no Brasil.

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Hipotermia

Assim que montamos a barraca, entramos, troquei de roupa (tirei as impermeáveis e coloquei as térmicas), fizemos um chocolate quente para beber e mesmo assim, em questão de 10 minutos, comecei a tremer incontrolavelmente. O tremor vinha das pernas para o tronco. Começou a me dar cãimbras nas panturrilhas e na coxa. Senti algo bem parecido quando fiz Petrô x Terê quando pegamos chuva em toda subida do Açu. Tomei dois relaxantes musculares e depois de 30 minutos já estava bem melhor.

Fizemos nosso jantar e fomos descansar.

Veja o nosso vlog desse dia